Drª Ivanoska

Press Release

O que pode haver de comum entre o ideal comunista e o glamoroso universo das cirurgias plásticas? Tudo, se a personagem é a Dra. Ivanoska Filgueira, 45 anos, cirurgiã geral, especialista nesse tipo de intervenção “renovadora”.

Alguma conexão já transparece da estranheza que o nome inusual provoca – “ivanoska”, palavra russa que tem o mérito de sempre remeter à figura do pai, comunista de carteirinha, preso e torturado pela ditadura militar a ponto de perder quase todos os dentes.

Foi em homenagem e por influência dessa pai-herói que, ainda adolescente, Iva, como a maioria dos amigos a chama, escolheu a medicina, com propósitos nitidamente idealistas – a profissão como meio de transformar o mundo, antes de ser meio de vida.

Essas convicções a levaram a trancar o curso logo que, aos 18 anos, pôde se candidatar ao cargo de vereadora em Natal, a cidade potiguar em que nasceu. Poucos votos faltaram para que, sendo eleita, talvez jogasse a carreira médica no baú das possibilidades. A decisão impactou alguns, não os mais próximos: era só mais uma mostra de tessitura forte com que fora moldada essa taurina apaixonada por gatos, uma mistura bem dosada de coragem, determinação e resistência.

Sim, porque, após seis de graduação e cinco de residência médica, quem contestará a comparação entre o curso de medicina e uma prova de resistência? Pois bem, não bastassem tantos anos de renúncia aos prazeres da juventude, a Dra. IVINHA – para os pacientes carinhosos – ainda se pós graduou em medicina do trabalho, obetendo logo depois o titulo de mestra em ciências da saúde pela Universidade de Brasília, com louvor e a distinção merecidos. E avisa: não desistiu do doutorado.

Falta-lhe, para tanto, somente esse produto de cada vez mais escassa disponibilidade: tempo, tempo, tempo, tempo. São três consultórios para dar conta, além das cirurgias, uma média de quatro por semana. O sorriso da doutora é farto, sem respingos de ironia ou amargura, apesar do stress cotidiano, do corre-corre de um lado para outro para atender tantas demandas. Mesmo a infância passada sob o signo da perseguição política – ultrajante caso em que a pena é cumprida e sofrida, nas minúcias, por toda família – , essa filha única de “pais-avós” tem o dom maravilhoso, e cada vez mais raro, do bom humor onipresente. À medicina dedica a vida sem concessões para melodramas amorosos, mais ainda não desistiu do que chama de “maternagem”. A opção pelas cirurgias estéticas é mero detalhe após anos cuidando dos queimados no Hospital Regional da Asa Norte – HRAN, em Brasília, o período mais difícil. As dores das crianças dilaceradas pelo fogo, muitas perdidas para a morte, acabaram por fazer-lhe aceitar o caminho mais ameno – uma trégua – da corrida pela beleza. Acha a doutora que um dia retorna à dura realidade dos hospitais públicos, maturidade servir de algum escudo às agruras do sofrimento diário que é enfrentar as dilacerantes e muitas vezes terminais queimaduras.

Nas espremidas horas de lazer, ela chama os amigos para degustar os disputados risotos que prepara com mesmo rigor técnico com que usa o bisturi, com a vantagem de nunca ter de dar alta no dia seguinte.

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